
A tristeza me trouxe de volta aqui. Uma tristeza que chegou quietinha, que foi se construindo com os fatos que não cansam de me atropeelar desde o primeiro dia de 2016. Ou quem sabe desde os últimos dias de 2015, Ou quem sabe desde o dia 26 de maio de 1972. É isso, acho que nasci com uma certa tendência a ser triste, a gostar de entrar com tudo em meus sentimentos, de enfrentar meus monstros mais perversos e camaleônicos. Foi assim na infância, lembro de momentos de sofrer e precisar daquielo para mim, acho que o grande prenúncio foi na minha festa de aniversário de 6 anos em que me tranquei no quarto na hora do parabéns e chorei, de tristeza, só porque o menino que eu era apaixonada - sim fui apaixonada aos 6 anos - não foi na minha festa. Tristeza depois nos vários natais e anos novos de filha de pais separados em que eu tinha que estar com um ou outro. Tristeza na adolescência quando ondas depressivas me esmagavam. Foram tantos momentos na minha memória que valeria um blog só para isso. Mas, o que queria dizer é que esse momento down está em mim por esses tempos. Tenho motivos reais, claro, como todos têm, mas sei que não são eles que estão me fazendo me entregar a cada dia... Não pense que por eu ser mãe, ter 4 filhos lindos saudáveis e inteligentes seja um impeditivo para isso, pelo contrário, acho que não há ser mais solitário e fadado à tristeza do que uma mãe. Primeiro porque padecemos da obrigação de sermos felizes e depois porque o peso é muito grande. Se as pessoas comuns passam por momentos em que não querem isso ou aquilo ou aquele, a mãe se enquadra na categoria da falta de opções. Como querer se trancar num quarto e chorar até cansar e dormir ou sair caminhando ou pegando ônibus e descendo em pontos finais e pegando outros se já quem dependa de você para comer, dormir, acordar... O que deveria ser um grande orgulho, nos nossos momentos de tristeza são um verdadeiro pé no saco, que imagino deva doer horrores. E a tristeza pode vir após ou junto de uma grande alegria, sim, não são sentimentos opostos, são, muitas vezes até complementares. O perigo de caminhar para a depressão é completamente real. Porque enquanto escrevo vejo pessoas ao meu redor, que são as pessoas que fazem parte de mim, em um mundo em que nem imaginam o que se passa comigo. E quando somos tristes em Brasília, bem, a coisas é muito pior!!! A tristeza em São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Curitiba, Ribeirão Preto e Sertãozinho, onde estive mais recentemente, é muito menos cruel. Aqui, olhos pros lados e não vejo onde me segurar, por isso, às vezes peço socorro às minhas amarras paulistanas, porque aqui, amigo, é um cada um por si diário. Pelo menos é o que sinto, me perdoem os brasilienses, mas não me sinto nada acolhida aqui, nada. Tento para cá, para lá e não sinto a segurança necessária para me apoiar.
O que vejo agora:
Uma janela gradeada...
Uma bagunça.....
Cores dissonantes...
Amor distante...
Vidas isoladas...
Interesses diversos e perversos...
Escreva Deborah, Escreva!!!!!
Ah, esqueci de dizer que minha tristeza é muito musical, ela tem trilhas completas que se misturam, se repetem e ganham novas nuances, mais de 30 anos. E tenho parceiros musicais perfeitos na minha tristeza que se mistura muito bem com a loucura.
Otto, Sampa e músicas assim cruas, cruéis, beirando o brega é a tradução da minha tristeza!